OAB tem compromisso com advogado em início de carreira, diz Jorge Fraxe
Jorge Fraxe: “o jovem advogado é o precursor dos novos tempos e nós temos que apoiá-los”.
Sala do Conselho Secional da OAB Roraima lotado no 1º Encontro da Jovem Advocacia da Região Norte
O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional Roraima, Jorge Fraxe, ressaltou o compromisso que a instituição tem com os profissionais em início de carreira na durante o Encontro Regional da Jovem Advocacia do Norte, realizado na noite desta quinta-feira, 25, no auditório do Conselho Seccional. Fraxe lembrou que os primeiros anos no mercado de trabalho são essenciais para o sucesso ao longo da carreira jurídica. “O advogado é um vanguardista. Alguém que pensa à frente do seu tempo”, disse.
“Sem dúvida a Ordem tem de ter um olhar para os advogados em início de carreira, pois eles serão o futuro da advocacia e do país. É preciso a mobilização deles para que causas sejam conquistadas e priorizadas. Não se faz política sem jovens advogados”. Ele ainda enfatizou que há muito que aprender com eles, principalmente sobre as novas tecnologias, já que o Processo Judicial Eletrônico está batendo a porta.
Segundo Jorge “é impressionante o que a força da jovem advocacia nos faz realizar. Sei que cada um dos presentes hoje traz no seu DNA esse amor pela advocacia e pela Ordem. Todos vieram aqui em busca de aprender um pouco mais sobre a entidade e sei que o sentimento contrário também é recíproco”. A Ordem, diz ele, se desdobra para corresponder aos anseios da classe e busca sempre assegurar seus interesses, especialmente às prerrogativas dos advogados que é o maior desafio da OAB.
Jorge falou das dificuldades dos advogados em início de carreira. Mas citou que a OAB está cuidando para contornar certas dificuldades enfrentadas no começo. Para tanto instituiu o Plano Nacional de Apoio ao Jovem Advogado – PJAB – que inclui entre outras medidas, a defesa das prerrogativas profissionais, o incentivo ao empreendedorismo, as políticas de anuidades diferenciadas e o piso de remuneração mínima.
– É preciso incentivar o empreendedorismo jurídico e as novas tecnologias a fim de que se proporcione ao jovem advogado qualificação e incentivo para o desenvolvimento de seu primeiro escritório, fornecendo noções práticas sobre gerenciamento, administração e trabalho empresarial.
Jorge encerrou sua participação na abertura, alertando para as dificuldades que o jovem advogado encontrar logo que deixa a faculdade e se habilita ao exercício profissional. “O exercício da advocacia pelo jovem advogado encontra grandes obstáculos e dificuldades. Portanto cabe a nós, advogados mais experientes auxiliar no aprimoramento do jovem profissional da forma mais objetiva possível”, disse.
O vice-presidente da OAB Roraima, Rodolfho Morais, saudou a todos os presentes e disse que é uma honra receber jovens colegas da região norte e colegas do mercado local. Ele ressaltou a importância de se apoiar o advogado que está iniciando. “O jovem advogado deve buscar não ser mais um no meio da multidão. Deve se destacar através de produção intelectual, produzindo artigos, participando de debates, expondo as suas posições acerca das questões da atualidade. A concorrência é uma realidade. Aqueles que não buscarem se destacar terão menores chances de êxito no mercado de trabalho”, disse Rodolfho.
Segundo ele exercer a advocacia é algo desafiador, é ma profissão conservadora. “Porém, aqueles que nela iniciam não devem ter medo de ousar, de inovar, de buscar fazer o melhor de uma forma diferente. É preciso fugir dos dogmas. Em um mercado de mais de 800 mil advogados é essencial saber conquistar a clientela e, tão importante quanto essa tarefa, é a de realizar a manutenção da carteira de clientes. O jovem advogado tem a missão de dar sequência ao que iniciamos”.
INÍCIO DE CARREIRA
O presidente da Comissão de Apoio ao Advogado em Início de Carreira, Pablo Souto iniciou sua fala dizendo o seguinte. “Nós jovens advogados somos a ponta, a flecha que vai mover as estruturas. Somos o início de tudo o que vai acontecer mais na frente”. Pablo agradeceu a presença de todos e exaltou a busca pelo conhecimento como um fator que decide a sorte do profissional de advocacia em início de carreira. “Acredite que a sorte existe – é verdade, sorte existe. Porém, sorte é estar preparado no lugar certo e na hora certa. Como dizem, a sorte acontece quando a oportunidade encontra a preparação”.
Pablo pediu que o jovem advogado tenha paixão por sua profissão. Que tenha orgulho por ter escolhido a advocacia. “Vou mais além, acredito que, além de orgulho, o advogado deve ter uma verdadeira paixão pela sua profissão. Você precisa amar o que faz ou nunca será bem sucedido, não importa o que fizer na vida. O mais importante é conhecer o seu trabalho e amar o que faz, e essas duas coisas resolverão um monte de problemas para você”.
O conselheiro federal da OAB Roraima e Diretor Tesoureiro do Conselho Federal, Oneildo Ferreira agradeceu pelo apoio recebido da OAB Nacional para a realização do evento e confessou a honraria por estar presente ao 1º encontro da jovem advocacia do Norte do Brasil. Para ele são manifestações como esta que possibilitam a consolidação de uma advocacia cada vez mais comprometida com a ética, com a qualidade no atendimento e sobretudo com a valorização da profissão. Ele disse que do encontro de Boa Vista sairão os indicativos e os elementos para a construção de uma pauta positiva para o jovem advogado da região, sobretudo no que diz respeito as novas tecnologias. “É pela jovem advocacia que se inicia um bom combate”, disse.
Oneildo aproveitou para dar umas dicas aos advogados em início de carreira. Mas fez questão de destacar uma delas: “Estude continuamente. Se você escolheu esta profissão é porque gosta de ler e estudar. Para advogados, o estudo contínuo é o que garante a sua especialização e, por consequência, maior capacidade técnica. Porém, não basta apenas estudar intensamente um assunto. É preciso estudá-lo em profundidade. Este aprofundamento é o que garantirá seu futuro na profissão”, disse ele.
O futuro do Processo Judicial Eletrônico (PJe).
Luis Paulo Alemmand: o erro fatal foi a não padronização do sistema.
O conselheiro federal Luis Paulo Alemmand, presidente da Comissão Especial de Direito da Tecnologia e Informação do Conselho Federal da OAB, fez uma ampla explanação sobre um tema para o qual a OAB tem chamado atenção em todas as suas reuniões. Trata-se do Processo Judicial Eletrônico – PJe – e a questão da inclusão digital, onde abordou a unificação de sistemas de peticionamento e violação tecnológica das prerrogativas. Alemmand falou para os presentes no Encontro Regional da Jovem Advocacia da Região Norte.
Ele elogiou o trabalho da OAB para amenizar os impactos das falhas do PJE no dia a dia do exercício profissional da advocacia e criticou abertamente a gestão anterior do CNJ. Na avaliação de Allemand, se faz necessário, com urgência, a unificação do sistema eletrônico.
“O erro fatal na gestão inicial foi a não padronização do sistema. Infelizmente, por erro de gestão lá no início com o ministro Joaquim Barbosa, hoje o PJe se encontra em estado de óbito,” criticou. Precisamos ter adaptações urgentes, pois o PJe precisa ter acessibilidade, precisa respeitar os idosos e deficientes e ter interoperabilidade. Infelizmente, não é essa a realidade que enfrentamos com essa plataforma atual”, defendeu.
Segundo Alemmand “o maior problema foi a gestão de implantação. É importante frisar aqui também que o Brasil tem experiências exitosas na área da tecnologia: as urnas eletrônicas, a declaração do imposto de renda via internet, o acesso ao banco on-line. A presença digital é muito forte em nosso país. A tecnologia está no sangue do brasileiro. Esse contexto, provavelmente, migraria para o poder judiciário. Seria algo inevitável. Mas, infelizmente, a lei esqueceu os princípios do usuário, focou apenas na implantação”, afirmou o palestrante.
Encontro Regional da Jovem Advocacia da Região Norte
DISCURSO DO PRESIDENTE JORGE FRAXE
Senhoras advogadas, senhores advogados… jovens e adultos, claro!.
Sou tomado por uma alegria extrema ao acolher a todos aqui em nossa sede, especialmente os que são de Estados irmãos da Região Norte. Sejam todos muito bem-vindos.
Essa conferência tem um significado importantíssimo, não apenas para dar publicidade ao evento por se tratar da primeira realização do encontro da jovem advocacia na Região Norte, patrocinado pelo Conselho Federal, mas para consolidar esse olhar que a OAB tem sobre o jovem profissional em início de carreira.
Lembro-me muito bem quando conclui o curso e Direito, em uma universidade de Fortaleza. Cheio de sonhos e ao mesmo tempo vestido de dúvidas, se seria bem sucedido, que caminho seguir na advocacia, na verdade o que fazer quando desembarcar em meu querido território federal de Roraima, hoje Estado.
Foram tempos de angustia e aflição, até então, com o pensamento fixo em ser alguém em minha terra. E ao mesmo tempo buscando respostas para o seguinte drama: será que vai dar certo ser advogado aqui?
Essas mesmas dúvidas e questionamentos, senhoras e senhores advogados, pesam na cabeça de todo jovem que ingressa na atividade advocatícia ao término de um exaustivo Curso de Direito.
Mas elas se dissipam com o tempo, quando o júbilo e o regozijo são alcançados nas caminhadas do dia a dia. Alcançados nas adversidades, nos embates, nas vitórias nos tribunais, numa boa assistência a um cliente, enfim, as conquistas nos tornam venturosos e ai veremos que vale a pena ter abraçado a advocacia como razão, como sacerdócio.
Minhas amigas advogadas, amigos advogados. Sabemos que a valorização do advogado em início de carreira é fundamental para o fortalecimento de nossa classe. É imperativo garantir as condições para que os profissionais recém chegados no mercado de trabalho possam conquistar estabilidade na profissão e exercer bem sua vocação.
Os jovens advogados iniciam sua carreira com grande disposição e afinco para o trabalho. Contudo, enfrentam muitas dificuldades, desde a gestão das sociedades de advogados ao recebimento de remuneração digna.
Contornar esses desafios enfrentados pelos jovens advogados é um objetivo do Conselho Federal da OAB e das Seccionais, com a instituição dos Plano Nacional de Apoio ao Jovem Advogado Brasileiro (PJAB), que inclui, entre outras medidas, a defesa das prerrogativas profissionais, o incentivo ao empreendedorismo, as políticas de anuidades diferenciadas e o piso de remuneração mínima.
É preciso incentivar o empreendedorismo jurídico e as novas tecnologias a fim de que se proporcione ao jovem advogado qualificação e incentivo para o desenvolvimento de seu primeiro escritório, fornecendo noções práticas sobre gerenciamento, administração e trabalho empresarial.
A advocacia, longe de ser uma profissão exata, exige do profissional que a exerce um estudo constante e atualizado diariamente, para que o seu exercício se torne qualitativo.
A experiência somente é adquirida com o passar dos anos, e o exercício contínuo com qualidade tornara aquele que a exerce, cada vez mais conhecedor das nuances que permeiam o dia a dia da advocacia, podendo levar o profissional diariamente a alcançar a sua excelência, jamais absoluta, mas contínua e aprimorada.
A atividade da advocacia deve ser exercida com extrema responsabilidade, maturidade e acima de tudo com humildade, já que a arrogância obscurece a mente e coloca em risco essa primorosa atividade, que deve ser exercida de modo que não alimente, ainda mais os fatores estressantes presentes na vida do advogado, devendo ser compreendidos os fatores internos desta atividade tão brilhante.
Oriente-se para uma área do Direito que melhor represente suas aspirações pessoais e profissionais, a qual esteja de acordo com suas habilidades e competências naturais. É fundamental descobrir qual área melhor desperta sua “paixão pela profissão”.
O exercício da advocacia pelo jovem advogado encontra grandes obstáculos e dificuldades. Portanto cabe a nós, advogados mais experientes auxiliar no aprimoramento do jovem profissional da forma mais objetiva possível.
Por fim, aconselho que nossos jovens advogados hajam com lealdade e cortesia com os colegas e com a outra parte no processo. Não é raro vermos alguns advogados tratarem os contrários como inimigos, como se estivessem numa guerra, exemplo que não deve ser seguindo, de maneira alguma.
MUITO OBRIGADO.
CARTA DE RORAIMA
Ao final do Encontro da Jovem Advocacia do Norte, foi redigida a Carta de Roraima onde são abordados uma série de temas do absoluto interesse da jovem advocacia do Brasil.
INTEGRA CARTA DE RORAIMA
Nós, reunidos no Encontro Regional da Jovem Advocacia do Norte, realizado pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil em conjunto com a Seccional do Estado de Roraima, nos dias 25 e 26 de junho de 2015, em Boa Vista, Roraima, editamos a presente carta, que contem as diretrizes extraídas dos temas aqui debatidos:
1) RECONHECER a importância do Plano Nacional de Apoio ao Jovem Advogado Brasileiro editado pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil para defesa e fortalecimento da Jovem Advocacia Nacional;
2) MANIFESTAR integral apoio às cotas de gênero aprovadas pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, bem como apoio ao “Movimento Mais Mulheres na OAB”, como forma de fortalecimento da democracia e da Advocacia Nacional;
3) MANIFESTAR apoio ao plano nacional de combate à corrupção aprovado pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, como forma de fortalecimento das instituições e da democracia;
4) DECLARAR apoio irrestrito à manutenção do exame de ordem como forma de assegurar à sociedade a defesa de seu patrimônio e liberdade por profissional competente;
5) CONCLAMAR os poderes responsáveis pela instalação do Processo Judicial Eletrônico – Pje que sua implementação seja precedida da observância da infraestrutura necessária para seu regular funcionamento, respeitando, especialmente, as necessidades de acessibilidade e operacionalidade da Região Amazônica;
6) REQUERER a implementação e manutenção das audiências de custódia em todos os Estados da Região Norte, como instrumento de defesa dos Direitos Humanos;
7) MANIFESTAR sua contrariedade a qualquer proposição de adiamento do início do prazo de vigência do Novo Código de Processo Civil, o reconhecendo como um caderno democrático importante ao funcionamento da justiça e defesa dos direitos fundamentais;
8) RECONHECER as prerrogativas da advocacia como garantias do cidadão, solicitando a edição de um manual nacional de defesa das prerrogativas, com o objetivo de apoiar e orientar a jovem advocacia no fortalecimento das prerrogativas;
9) MANIFESTAR apoio à exigência de indispensabilidade da presença de advogados nos inquéritos e processos administrativos, garantindo ampla defesa e contraditório aos investigados em âmbito administrativo;
10) APOIAR o projeto de lei que criminaliza a ofensa às prerrogativas profissionais;
11) PRIORIZAR o aperfeiçoamento profissional voltado ao Novo Código de Processo Civil, mormente no tocante às conquistas da advocacia.
Boa Vista, 26 de junho de 2015.
O Encontro da Jovem Advocacia da Região Norte encerrou na sexta-feira, 26, com as seguintes atividades.
Palestra: “Audiência de Custódia”, com Marcos Pereira da Silva, advogado criminal, conselheiro estadual da OAB Roraima e presidente da Comissão para a Implantação da Audiência de Custódia.
Palestra : “O Novo CPC, Conquistas da Advocacia”, ministrada por Vinícius Silva Lima, diretor acadêmico da Escola Superior da Advocacia/Rondônia.
Palestra: “As prerrogativas do jovem advogado”, cujo palestrante será o presidente da Comissão Nacional de Defesa das Prerrogativas e Valorização da Advocacia, Leonardo Accioly da Silva.
Palestra: “Como atender sua excelência, o cliente!” – dica sobre o relacionamento advogado e cliente, com Juliano Costa Couto, secretário-geral adjunto da Seccional do Distrito Federal e presidente da Comissão de Honorários.