A funcionária Pública Deuzenir Augusto de Farias denunciou na Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional Roraima, que um grupo de famílias residentes na região do Bom Intento, Gleba Murupu, zona rural de Boa Vista, está sendo ameaçado por policiais do Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar (BOPE), que estão utilizando a área para a prática de tiro ao alvo. As terras ocupadas pelas famílias fazem parte de um assentamento montado pelo Iteraima e foram usadas há muito tempo como centro de treinamentos da PM. A denúncia colhida será encaminhada pelo presidente da OAB, Jorge Fraxe, com pedido de providências, uma vez que a ação dos policiais está colocando em risco a vida de muitas pessoas ali residentes.
Segundo Dreuzenir, ao todo são 12 famílias que utilizam as terras cedidas pelo Governo do Estado para a prática de agricultura familiar. Mas a iminência de uma tragédia são constantes no local, porque os policiais do BOPE praticam “tiro ao alvo” a céu aberto sem qualquer preocupação com a segurança e que as pessoas correm risco de serem atingidas por uma bala perdida. “Sempre que eles aparecem na região para disparar suas armas, depois vão de casa intimidando as pessoas, obrigando-as a desocuparem seus lotes. E já deram o ultimato: a gente terá que deixar o local por bem ou por mal”, conta Deuzenir.
A situação, segundo ela, está se tornando insustentável e desesperadora para as famílias, pois impera o medo a cada investida dos policiais. “Na última vez além das ameaças, elas levaram ferramentas agrícolas e quebraram alguns barracos. Os policiais já deixaram bem claro que não querem nossa presença na área”, disse a mulher. Ela revelou ainda que por ter discordado das atitudes dos policiais, foi levada para o 5º Distrito Policial, onde ficou por duas horas em uma cela e foi obrigada a assinar um documento atestando que havia invadido a área sem ter conhecimento do teor”. E em outra situação, foi levada novamente pelos policiais e abandonada nas proximidades do posto de gasolina Dois Noventa, no bairro Caranã, próximo ao supermercado Goiana.
Pelo relato da mulher, a OAB constatou que as famílias estão sendo vítimas de constrangimento, algo descabido, segundo o presidente da Entidade, Jorge Fraxe. Tanto que ele exibiu uma parte do depoimento em que a senhora Deuzenir informa que na última vez que estiveram no local, os policiais estavam acompanhados de um diretor do Iteraima e novamente houve ameaças e “avisos” de que todos têm que desocupar os lotes sob pena de terem seus barracos demolidos na próxima vez que os policiais voltassem aos lotes. E para causar ainda mais medo nas famílias, os policiais escreveram uma frase em um dos barracos, dizendo o seguinte: “TC. SIDÃO VOLTOU, PREPAREM-SE! – CAVEIRA”.