OAB forma grupo de trabalho que vai investigar morte de brasileiras na Venezuela
Foi discutida ontem (26) a criação de um grupo de trabalho interinstitucional para investigar a morte de brasileiras de Roraima e Amazonas, ao se submeterem a procedimentos cirúrgicos na Venezuela. A OAB Roraima fará parte do grupo que terá ainda a OAB Amazonas, a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), a Associação Médica Brasileira (AMB) e o Conselho Regional de Medicina de Roraima (CRM).
As últimas notícias, divulgando a morte de brasileiras que fizeram cirurgia plástica na Venezuela, já haviam motivado a OAB Roraima a abrir um procedimento para investigar os casos denunciados com suspeitas, inclusive, de que as pacientes estivessem sendo vítimas de tráfico de órgãos.
“Dada a gravidade dos fatos, a presidência da OAB já tinha determinado a abertura do procedimento para que possamos fazer uma apuração, ouvir possíveis vítimas, ouvir familiares e, ao final, emitirmos parecer para encaminhar a todas as autoridades competentes como Ministério de Relações Exteriores, Ministério Público Federal e Estadual, CRM e Polícia Federal, para que possam ajudar a coibir esses fatos que em tese são graves, e que precisam ser apurados”, informou o presidente em exercício da Seccional Roraima, Ednaldo Vidal.
Com a vinda dos representantes da Comissão de Direitos Médicos e Saúde da OAB Amazonas e da SBCP para Roraima, o documento para criação do grupo de trabalho foi entregue ao presidente em exercício, que garantiu não só a participação da OAB no grupo, como convocou as pacientes que tiveram sequelas ou parentes de mulheres que faleceram na Venezuela a procurar a Ordem para oficiar denúncias às Comissões de Direitos Humanos e da Mulher Advogada.
As instituições envolvidas na criação do grupo de trabalho receberam a imprensa local na sede da OAB Roraima para falar do assunto. Segundo a presidente da Comissão de Direitos Médicos da OAB Amazonas, LídiceLangbeck, diversas questões precisam ser esclarecidas pelas autoridades, como por exemplo os indícios de que exista a atuação de uma associação criminosa internacional para atrair brasileiras para a Venezuela.
“Essas pessoas atuam como aliciadores aqui em Roraima e no Amazonas e convencem as mulheres a fazer cirurgias plásticas no país vizinho em clínicas clandestinas que não têm a mínima estrutura e por um preço que é um terço do que é praticado no Brasil. Ou seja, fazem diversas cirurgias pelo preço de uma aqui”, explicou.
O diretor jurídico da SBCP, Carlos Michaelis, informou que de 2015 para 2016 foram registrados mais de 15 óbitos de roraimenses e amazonenses por conta de cirurgias realizadas na Venezuela. “Sem contar as sequelas, as complicações e as pacientes mutiladas e isso vem aumentando exponencialmente a utilização do atendimento no Sistema Único de Saúde (SUS) como forma de consertar os erros praticados na Venezuela”, completou.